quarta-feira, 13 de julho de 2011

Os Inimigos do Conhecimento

Fuçando no Orkut, encontrei uma das milhares de comunidades sobre Umbanda, e numa delas estava sendo discutido sobre os autores que lançam livros e cursos com o intuito de trazer um pouco de conhecimento a  nossa religião, que valoriza muito mais a pratica do que o estudo, nessa  discussão um irmão dirigente disse:
"Não devemos estudar por livros ou cursos, somente os guias podem ensinar alguma coisa..." 
Com certeza nossos guias ensinam muitas praticas e magias que podemos usar no dia a dia para nos beneficiar e ajudar outras pessoas mas eles não ensinam sobre os mecanismos da mediunidade, sobre teologia, sobre a  ciência dos Orixás nem sobre a interpretação das lendas a luz da razão, e o porque de se usar certos elementos dentro dos rituais,  etc... etc...
Isso e outras coisas já são ensinadas sejam em livros ou em cursos e só não aprende quem não quer ou é preguiçoso.
Sabemos que muitos pais de santos não gostam que os filhos de santo aprendam, pois tem medo de se sentirem ofendidos por algum filho mais novo que aprendeu mais coisas em menos tempo do que o pai de santo que levou vários anos de aprendizado.
Muito dirigentes se julgam auto-suficientes no conhecimento da Umbanda e não só NÂO RECOMENDAM a leitura aos seus filhos como proíbem que eles leiam algum livro sobre Umbanda, alegando que isso atrapalharia seus desenvolvimentos mediúnicos.
Uma religião precisa do auxilio de uma literatura para se perpertuar no tempo, no coração e na mente das pessoas, vejam por exemplo a Biblia, o Alcorão, o Bagavadguitá, o Dhammapada, etc...
Alguns dirigentes por possuírem dons naturais maravilhosos, acham que só isso sustentará a Umbanda, mas se esquecem que dons não são passados para outras pessoas, é algo intransferível.
Já os conhecimentos de uma Religião são a certeza de sua continuidade.

Outra coisa que eu gostaria de exclarecer: Nenhum guia ensina tudo o que ele sabe pra seu médium.
É como se você fosse ao médico com algum problema de saúde e perguntasse ao medico um monte de coisas sobre medicina. Ele logo vai dizer:
-“Bom se você quiser saber tanto quanto eu, então  matricule-se  num curso de medicina, aqui eu só posso te curar e explicar o básico, o que for avançado você vai ter que se esforçar pra aprender, assim como eu me esforcei."
Taí o grande problema daqueles que criticam os que buscam o conhecimento: falta esforço pra aprender.
Lembrei-me de uma passagem do Livro Lendas da Criação, onde num dialogo, Obá, que é a Mãe do Conhecimento, diz:
"O conhecimento é algo que se adquire com dedicação, afinco, segurança, objetividade,  paciência, inteligência,  concentração e estudo, muito estudo!"
Baseado no que nossa Mãe Obá disse, você Umbandista, que é contra o estudo da sua própria religião, acha que seus guias vão te ensinar tudo de mão beijada????
Acha que eles, que se esforçaram e aprenderam através de séculos de encarnações vão simplesmente falar tudo o que você quiser saber, bastando chamá-los em terra?.
O estudo da religião de Umbanda é importante para que possamos desenvolver uma consciência religiosa, pois até hoje a Umbanda é vista apenas como um "pronto socorro" e mais nada.
Um outro irmão fez o seguinte comentário:
UMBANDA é para ser vivenciada em conga dentro do TERREIRO e os maiores ensinamentos estão com nossos GUIAS ESPIRITUAIS
É obvio que a Umbanda primeiramente deve ser vivenciada nas praticas do terreiro, mas o estudo e compreensão das nossas praticas é feito somente pelos livros/cursos/palestras, etc.,  são eles que dão um sentido ao que nos fazemos dentro do terreiro.
Lembro bem de um caso que ilustra isso muito bem: 
Há muito tempo atrás numa gira de desenvolvimento, incorporou a entidade Chico Baiano da nossa dirigente. Numa questão levantada por um dos irmãos sobre ponto riscado, a Entidade disse:
“Meus fios, mais respeito com os pontos riscados, eles são a língua dos Orixás”
Nessa pequena frase está um grande ensinamento, mas como interpretar isso corretamente?.
 Só compreendi melhor isso quando li os livros “Código da Escrita Mágica” e “Tratado Geral de Umbanda” nesses livros estão tudo o que o baiano disse, só que  de forma mais detalhada, neles não tem nada que desminta o que a entidade disse, pelo contrário expande o entendimento sobre o assunto. Será que dá pra entender onde o estudo se encaixa no dia a dia do terreiro?
Não é correto criticar quem vai em busca de conhecimento sobre sua própria religião, alias todas elas tem seus tratados de teologia, filosofia e etc... E qual o problema do iniciante na Umbanda buscar aprender mais?.
Muitas religiões no passado ocultaram o conhecimento dos seus mistérios deixando apenas seus sacerdotes e alguns "escolhidos"  o privilégio de conhecerem mais sobre sua própria doutrina, afinal, é muito mais fácil influenciar quem não sabe nada, não é verdade?
O nosso país está tão bagunçado justamente porque o governo não investe em educação, não façamos o mesmo com nossa querida religião.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O Poder do Tabaco

Olá meu irmãos.
Vou iniciar uma série de artigos com a finalidade de explicar certas práticas dentro da nossa religião.
Vamos falar sobre o Tabaco.
O fumo dentro da Umbanda é muito importante não só como um desagregador de energias negativas como também um facilitador para o transe mediúnico.
O tabaco é uma planta originaria do continente americano e a historia nos mostra que antes do descobrimento da America não havia registro dessa planta em nenhum lugar do mundo.
Aqui na America o tabaco era utilizado pelos nossos pajés, única e exclusivamente para fins religiosos e ritualísticos, JAMAIS para uso recreativo.
Quando o europeu chegou aqui logo se encantou com essa planta e depois de alguns anos a planta já estava difundida em toda a Europa, era fumada pelas elites e pela plebe. O tabaco também mudou drasticamente o cenário político e econômico tornando-se  uma fonte de renda para os cofres públicos.
Mas, como tudo o que é concebido para ser utilizado como sagrado se for usado de forma profana acaba acarretando problemas para quem desrespeita isso.
Os antigos índios advertiram o europeu dizendo que o tabaco tinha uma espírito muito forte e que se ele não fosse respeitado ele escravizaria quem dele se servi-se.
Pois é, alguns séculos mais tarde pesquisadores descobriram que no tabaco existe uma substancia chamada nicotina e que ela causa dependência física e psíquica nas pessoas. Até hoje na pajelança cabocla, quem quiser se iniciar nos mistérios do tabaco, não pode fumar, pois os pajés dizem que o espírito do tabaco não trabalha com escravos.
O fato é que o tabaco é uma erva mágica por excelência e está presente em todos os rituais umbandistas e são poucas as entidades que não fazem uso dele.
Os guias quando estão incorporados nos seus médiuns usam o tabaco de forma respeitosa,e em momento algum, TRAGAM a fumaça, logo, ela não entra nos pulmões dos médiuns e não os prejudicam e nem induzem a se viciarem nele, digo isso com convicção pois sou médium e não sou fumante.

Isso precisa ficar claro, pois não podemos admitir que alguém culpe um guia espiritual dizendo que foi por causa dele que o médium começou a fumar.
A grande parte das entidades pede aos seus médiuns dêem a elas charutos, cigarros de palha, cachimbos que nesses casos são fabricados com um tabaco mais puro, com poucos substancias químicas misturadas como é o caso dos cigarros industriais.
A vantagem de se trabalhar com cachimbos e cigarros de palha é a liberdade de poder colocar outras ervas misturadas com o tabaco. Muitos guias pedem isso aos seus médiuns, pois dessa forma eles potencializam a força do tabaco combinando com ele outras ervas, como por exemplo: Sálvia, Camomila, Calendula, Alfazema, etc...
Essa é uma forma muito eficiente de trabalhar, pois o cheiro do tabaco fica disfarçado por causa das outras ervas não incomodando o consulente e também não irritando os olhos das crianças que vão tomar passe dos guias.
O cachimbo é um verdadeiro mistério na mão dos guias, pois ele tem a parte fêmea(fornilho), a parte macho(haste) e a junção dos dois através do fogo(brasa) nasce o filho(fumaça) que recebe os pedidos e orações se espalhando pelo universo.
Tudo na Umbanda tem simbolismo e magia, vamos procurar conhecer mais!
Um grande Abraço!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Xangô - O Juiz de Olorum

Olá meus Irmãos!

Estou escrevendo esse artigo um pouco atrasado devido a alguns compromissos assumidos por mim durante o mês passado, muita correria com mudanças e documentações e etc...

Vamos falar sobre Pai Xangô, o Orixá da Justiça.

No mês passado aqui em São Paulo são feitas as comemorações em homenagem a esse nosso Pai muito cultuado na nossa Religião.

Xangô, como Orixá, é a manifestação do Equilíbrio de Olorum(Deus) no universo, se vocês observarem a natureza entenderão o que eu quero dizer: Vejam as milhares de espécies de animais na fauna, há um equilíbrio na quantidade de animais de uma determinada espécie onde um predador se alimenta de outro animal, controlando assim sua população, esse equilíbrio na natureza é perfeito e só é afetado quando o homem interfere na natureza.

No ser humano Xangô atua trazendo o equilíbrio na mente dos seres.

Xangô é a balança de Olorum que equilibra o lado emocional e racional das pessoas.

Uma balança serve para equilibrar dois lados e duas medidas, se você está emocionalmente desequilibrado, sua balança vai cair para um lado, se você estiver desequilibrado mentalmente sua balança vai cair pro outro lado.

O ideal é o equilíbrio de ambos os lados para que possamos ter uma vida em paz e harmonia.

Nosso Pai Xangô atua exatamente nesse sentido, clareando a nossa razão e equilibrando nossa mente e nosso coração.

Nosso Pai Xangô é próprio juiz de Olorum, e tudo o que as pessoas  fizerem de errado ou certo, Ogum anota e Xangô julga.

Pai Xangô dá a sentença, e Pai Ogum executa-a.


Muitos Umbandistas só recorrem a Xangô, quando estão com problemas na Justiça, e limitam assim sua ação e seu entendimento. Pai Xangô atua em todos os aspectos de nossa vida, pois seu fator equilibrador está em todos nós bastando que somente o invocarmos para que possamos receber suas vibrações equilibradoras.

A Justiça de Xangô é perfeita e não deve ser comparada com a Justiça dos homens.

Muitos que se sentem prejudicados pelos seus semelhantes, invocam Xangô clamando Justiça, mas em seus corações escondem um sentimento de vingança, achando que são inocentes por terem sofrido alguma coisa e que fazendo um clamor serão vingados. Ao invés de pedirem o equilíbrio para se levantarem e tocarem suas vidas, pensam em prejudicar seus semelhantes... uma pena.


Nos Templos de Umbanda é comum nas festas em Homenagem a Pai Xangô servirem um prato típico da nossa culinária: a rabada.

A rabada é um prato onde o ingrediente principal é a cauda do Boi, novamente vou pedir que vocês olhem na natureza e vejam alguns exemplos:

Um pássaro tem sua cauda, que é usada para dar equilíbrio e estabilidade durante seu vôo, se você cortar o rabo do pássaro, ele continua a voar, porem sem o mesmo equilíbrio.

Num peixe é mesma coisa, ele vai conseguir se deslocar no seu meio, porem sem o mesmo equilíbrio.

O mesmo exemplo vale para muitos animais que tem cauda, pois a cauda é usada para dar equilíbrio na movimentação deles.

No nordeste do Brasil existe uma festa muito popular chamada "vaquejada" onde o cavaleiro puxa o rabo do boi enquanto este corre, fazendo com que ele perca o equilíbrio e caia.....

Na festa de Xangô usamos a rabada para comungar desse Axé do equilíbrio com nossos irmãos.

Umbanda tem fundamento, basta querer conhecê-los!

Que nosso Pai Xangô nos abençoe trazendo o equilíbrio para todos nós!